O Kilimanjaro foi o destino do terceiro Trekking Solidário realizado pelo Instituto Dharma, em parceria com o Gente de Montanha. No primeiro, levamos um grupo grande de 44 brasileiros ao campo base do Everest. O segundo trekking aconteceu no ano passado e subimos o Monte Roraima, visitamos a tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana e um vale de cristais inesquecível.
Saí do Brasil direto para a Joanesburgo, na África do Sul e de lá segui para Nairóbi, tendo como destino final a Tanzânia. E já fui o caminho todo pensando como seria subir novamente o Kilimanjaro… Que honra poder viver esta aventura maravilhosa mais uma vez!
Eu já tinha estado no topo da Africa em 2009, pela mesma rota que fui desta vez, para gravar um episódio do programa de televisão Rota Radikal (da TV Record). A primeira vez foi muito diferente desta por um milhão de motivos, entre eles, porque éramos apenas 3 pessoas e não tinha foco solidário, que tanto me mobiliza e energiza.
Eu sou declaradamente apaixonada por montanhismo. Subi o monte Everest, que é o mais alto do mundo, pelas suas duas faces: norte e sul. Escalei o Montblanc, o Aconcágua e muitas outras montanhas famosas. Mas cada montanha que escalo, aprendo uma coisa diferente. Não há um padrão, cada experiência é completamente diferente. E é isso que eu amo nesse esporte. Está sempre nos ensinando a superar nossos limites, nos permite conhecer pessoas diferentes e viver momentos novos com essas pessoas. E assim levamos muitos ensinamentos conosco a cada caminhada.
Nos 7 dias de subida do Kilimanjaro, não podia ser diferente. Convivi com 15 pessoas espetaculares, todas diferentes, cada uma com sua maneira de ser e pensar, mas, todas carregavam consigo o mesmo objetivo: ajudar as pessoas locais e estabelecer um contato intenso com a natureza e consigo mesmo. Dos três trekkings solidários que fizemos pelo Instituto Dharma até agora, este foi o que subimos com o menor grupo.
Foram no total 12 dias de expedição. Caminhávamos entre 5h e 7h nos dias de trekking. Já no dia de cume, gastamos cerca de 6.000 calorias e andamos quase 14 horas para subir e descer. Conhecemos muita gente, mas um povo que me chamou a atenção em especial: a tribo Massai. Eles ainda levam uma vida muito inóspita, nômade entre o norte da Tanzânia e Quênia. São considerados guerreiros africanos respeitadíssimos por serem extremamente resistentes e resilientes. Só na Tanzânia, a tribo é composta por mais de 400 mil pessoas e no total, mais de 800 mil Maasai. Alguns deles ainda vivem no meio da Savana, literalmente no meio dos leopardos, leões, elefantes e rinocerontes. Interessante esse povo né!
Depois de encerrarmos nossa expedição fomos em 10 pessoas fazer atendimento médico voluntário nos vilarejos mais carentes nos arredores de Arusha e Moshi.
Começamos com o Kilimanjaro Orphanage Centre, fundado por uma pessoa que já foi carregador na montanha e hoje também é guia no Kilimanjaro. A iniciativa de abrir o orfanato para as crianças da região fio dele. As crianças o chamam carinhosamente de Teacher. E o orfanato depende da ajuda de instituições como o Gente de Montanha e o Instituto Dharma para existir.
Para mim esses trekkings solidários é realmente a realização de um sonho! Sempre gostei de estar em contato com a natureza e amo medicina – escolhi essa profissão pois sempre me senti feliz ao ver que podia ser útil e fazer alguma diferença na vida das pessoas que não tiveram tantas oportunidades como eu.
Agora consegui aliar e unir minhas as paixões: aventura, montanha, medicina e natureza. Queria aproveitar e agradecer o Maximo Kausch pela grande parceria desde que fundamos o Dharma. Além de recordista do Guiness e um baita guia de montanha ele é um ser humano especial.
Hoje sinto que faço exatamente o que eu tinha que estar fazendo. Sinto uma alegria muito maior de poder dar algo para essas pessoas do que em receber. É uma alegria genuína, forte, vem do alto! E aquela sensação de gratidão ao universo por essa oportunidade?! Sabe aquela certeza de que você está cumprindo sua missão e fazendo a coisa certa? É bem assim que me sinto.
É isso que eu trouxe na minha bagagem do Kilimanjaro para o Brasil.