Foi em 2015, então, que transformei minha vida em uma incessante busca por instrução e dois anos depois, enfim, realizei meu primeiro voo solo de asa delta. Quando concretizei o tão esperado sonho, descobri um universo de possibilidades, me apaixonando cada vez mais pelo voo livre. Meus objetivos aumentavam e eu segui trabalhando intensamente nos treinos e preparação para campeonatos.
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Classificação para o Mundial Feminino de Asa Delta
Em 2019 participei pela primeira vez do campeonato brasileiro de asa delta, com etapa em Andradas - MG, sendo a única pilota brasileira inscrita nas provas. Consegui o quarto lugar na categoria Sport compartilhando a rampa com os principais pilotos do Brasil. Esse campeonato foi o start para uma nova fase de treinamentos e preparação.
Com a confirmação do Campeonato Mundial Feminino de Asa Delta em abril de 2020, eu tinha pouco tempo para estar apta a voar com as melhores pilotas do mundo, então comecei uma corrida contra o tempo. Por ter iniciado a carreira no voo recentemente, meus pontos no ranking não seriam suficientes para uma classificação direta na competição. Parti então para o plano B - Voos de distância livre.
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Com o apoio da Escola de Voo Livre Beto Schmitz, fui para a região nordeste do Brasil, considerada uma das melhores regiões do mundo para a quebra de recordes de asa delta e parapente. Minha intenção era acumular grandes distâncias voadas para anexar a um formulário exigido pela FAI (Federation Aeronautique Internationale) utilizado para analisar a aptidão dos competidores.
Em uma semana realizei voos longos, incluindo meu recorde pessoal voando 162 km em linha reta, decolando de Tacima - PB, e pousando em São Rafael - RN. Foram dias de muito aprendizado e experiências incríveis. Voar no Nordeste nos ensina mais que técnicas de voo, também é uma lição de vida. Conviver com pessoas tão simples e acolhedoras nos transforma.
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E consegui!
Formulário enviado e aprovado!
A emoção de estar classificada para um campeonato mundial representando o Brasil era imensurável. O evento reuniria 11 pilotas de diferentes partes do mundo, como Rússia, Alemanha, Estados Unidos, Uruguay e... BRASIL!
Ser reconhecida como atleta da equipe brasileira é, sem dúvidas, o momento mais importante da minha carreira. Junto com os sentimentos de alegria também vieram as responsabilidades. Representar o Brasil não é apenas estampar a bandeira na camiseta, mas honrar e se comprometer a fazer o melhor dentro e fora da competição. Pela primeira vez o Brasil terá uma representante feminina em um campeonato mundial de voo livre rebocado.
E assim eu embarcava para a Flórida. Com a chegada prevista para um mês antes da competição, eu conseguiria treinar e me adaptar com as condições de voo de lá.
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Diferente do Brasil, onde decolamos de montanhas, na Flórida as decolagens são feitas com o auxílio de um avião ultraleve. Decolamos do chão rebocados por ele através de um cabo até aproximadamente 750m de altura, e então desconectamos e seguimos o voo.
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O treinamento seguia firme e eu contava os dias para o tão esperado campeonato. Voar com as feras do voo livre feminino seria, no mínimo, um salto no meu aprendizado, além de dividir experiências com mulheres que me inspiram, como a pilota alemã Corinna Schwiegershausen, atleta Red Bull e atual campeã mundial.
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Infelizmente, com o aumento dos casos de Covid–19 e as restrições de isolamento social, o evento foi transferido para 2020. A partir desse momento, a corrida contra o tempo era outra - voltar para casa.
A volta
Passagens canceladas e diminuição do número de voos, tudo indicando um retorno turbulento. E assim foi... Dificuldades para embarcar a asa, inflação nos valores, voos lotados. Mas cheguei!Já em solo Brasileiro pude ver o quanto tudo isso contribuiu para meu aprendizado. O sonho de representar o Brasil no campeonato foi adiado, mas segue vivo dentro de mim. Esse tempo extra será utilizado para redobrar os treinos e estar ainda mais preparada para voar com as melhores do mundo!
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