Mais um desafio conquistado na Serra da Mantiqueira. Dessa vez o mérito vai para o notável Pico do Marins. Na união de duas paixões, montanha e voo livre, o Hike & Fly me proporcionou mais um final de semana épico, acrescentando algumas linhas na minha trajetória por esse mundão a fora.
No aniversário de um ano do feito de ser a primeira mulher a voar na Serra da Mantiqueira, na Pedra da Mina, estou eu lá novamente aos seus pés. Junto de alguns amigos, partimos de Atibaia até uma cabana muito aconchegante e simpática no meio da Mantiqueira. De lá, pegamos uma trilha alternativa, um pouco mais curta que a convencional, porém mais íngreme e digamos, pesada.
Carregando um quarto do meu peso nas costas, dois bastões nas mãos, uma câmera no bolso, algumas barras de cereal e muita água, iniciamos a subida. Um dia de céu azul com temperatura amena, era perfeito para acender a montanha e quem sabe com a graça dos deuses, descer voando. Ao lado do meu companheiro de “roubadas” e rastreador dos locais mais belos e inóspitos, o SPOT me acompanhou o tempo todo, e depois de quase quatro horas, estávamos no cume do Pico do Marins.
Cansada, e um pouco fraca pelo baixo preparo e rendimento do dia, o fôlego vai retomando aos poucos com a bela paisagem 360º do Marins. De longe avistamos o Itaguaré e lá no horizonte a grande Pedra da Mina se transformava em uma pequena rocha.
Logo começa a adrenalina da preparação para o voo. Reconhecimento e definição da área de decolagem, avaliação da direção, intensidade do vento e definição da rota. Não basta decolar, temos que pousar, então todas as opções de pousos também foram avaliados.
Decola Rui, nosso anfitrião na acolhedora cabana da montanha, Carolzinha, parceira das loucas empreitadas, e logo depois vou eu. Sinto a brisa no rosto, puxo a vela, viro e corro. decolagem perfeita, e como narrada pelo meu namorado, como muita elegância. Na sequência Monstrão (Jeff), Eric e Nóia Pé (Fabio), e todos estão no ar.
Logo após a decolagem sou presenteada com um canhão, uma vigorosa ascendente na frente da área de decolagem, que me levou a quase 3 mil metros de altitude e permitiu que eu pudesse sobrevoar e observar calmamente cada detalhe do Marins por mais de hora.
Poder desfrutar da paisagem, interagir com a natureza, sentir a essência da montanha desde sua base até o cume é um grande privilégio, mas poder contemplar toda essa trajetória e desfrutar dessa vivência lá de cima, sob outro olhar, outra perspectiva, é uma virtude. Virtude essa conquistada diante de muita garra e dedicação. Divulgar e transmitir toda superação que alcançamos é oferecer uma oportunidade de aprender até onde nossa coragem e determinação pode nos levar.