Por Laila Mantra
A vida pode ser comparada à escalada de uma montanha. Muitas vezes iniciamos a jornada em meio à mata fechada, caminhamos e seguimos a trilha vendo somente o próximo passo. Sentimos aromas, tocamos as árvores, mas nossa visão é limitada.
Por vezes tropeçamos nas raízes, mas nos levantamos, cuidamos de nossos ferimentos, respiramos e seguimos.
À medida que avançamos a floresta vai aos poucos se modificando, as árvores ficam mais espaçadas e já podemos ver mais longe. O topo ainda parece distante, mas agora um pouco mais perto que antes. Respiramos e seguimos.
Quase sem percebermos, saímos do bosque e atingimos os campos de altitude. O topo ainda se mostra distante e impenetrável, mas ao olhar para trás percebemos o quanto já caminhamos rumo ao nosso objetivo. Tornamos-nos mais fortes e com passos mais seguros avançamos montanha acima.
A subida flui mais rápida, já progredimos bastante! Não há mais raízes no caminho e o topo vai ficando mais e mais factível. Respiramos e seguimos.
Até que em certo ponto uma rocha surge impedindo a progressão. Só então percebemos que precisamos dos equipamentos corretos, aqueles que investimos para conseguir e que carregamos até ali. Equipamos-nos de confiança e seguimos. Quando o cansaço bate forte surge a mão amiga daqueles que nos acompanham em nossa jornada e com um movimento amoroso nos ajuda a subir. Respiramos e seguimos.
Seguimos confiantes e certos de nosso rumo. Até que no meio da subida surge uma descida! O desânimo vem... Se a meta é o topo qualquer descida pode atrapalhar, mas seguimos e aquele declive indesejado nos faz descansar, renova as energias, trás o fôlego necessário para continuar. Respiramos e seguimos.
Ao olhar para trás podemos ver as frondosas árvores agora pequenas, as casas da cidade ao longe parecem formigas e as pessoas já não existem mais. Pensamos nas dificuldades e problemas do início da caminhada e como eles foram pouco a pouco ficando para trás, cada vez menores. Respiramos e seguimos.
Nos tomamos de uma energia sem igual. Falta pouco, muito pouco.
Quando nos aproximamos do topo surge um paredão de rochas pontiagudas apontando para o céu! Está tão perto mas parece impossível atingir. Sem parar a escalada usamos as mãos e nos agarramos à todas as possibilidades, usamos os equipamentos disponíveis e mais uma vez contamos com o apoio dos companheiros de jornada. Um passo, outro passo e... Respiramos e contemplamos.
Contemplamos a vista, contemplamos a conquista, o caminho, os obstáculos. Contemplamos o céu e a terra, contemplamos o medo e a coragem que nos fez atingir o topo. Atingir o objetivo almejado.
Permanecemos em estado de êxtase, embriagados da conquista, até nos darmos conta de que o topo é só a metade do caminho. Respiramos e seguimos!
Laila Mantra
Guia e fundadora da Mantra Adventure e do Projeto Mochila de Batom