Que tal tirar umas férias para ver pinturas rupestres, se banhar em cachoeiras, caminhar em florestas úmidas, entrar em uma gruta, visitar um mangue, conhecer um oásis, observar macacos-prego que utilizam ferramentas? Reunimos quatro parques nacionais em três estados no Nordeste onde é possível fazer esse roteiro, percorrendo menos de 700 km.
O roteiro começa no Parque Nacional de Jericoacoara, um dos três parques nacionais mais visitados do Brasil. Inaugurado em 2017, o aeroporto de Jericoacoara encurta o caminho para quem vai de avião, dali é necessário percorrer cerca de 40km, dos quais 10 - 15 km em areia, para chegar ao parque.
A Vila de Jericoacoara é cercada pelo parque e oferece todo tipo de infraestrutura, de pousadas a restaurantes, de passeios a praia. De lá é possível sair a pé, de bicicleta, de canoa, de buggy ou de jardineira (uma caminhonete com bancos instalados na caçamba) até os principais atrativos: Pedra Furada, Árvore da Preguiça, Duna do Por do Sol, Serrote e Manguezais de Guriú.
No final do primeiro semestre formam-se lagoas entre as dunas, no segundo semestre é o local com o melhor vento no mundo para prática de esportes como wind e kite surfing. Acompanhar o pôr do sol é um atrativo em si, ali ele se põe no mar. Mas o nascer do sol não deixa a desejar e geralmente não atrai multidões.
De Jericoacoara a Ubajara são cerca de 200 km, por um caminho que já revela parte da Serra de Ibiapaba. Chegando lá em cima, a temperatura não passa dos 25 graus. Sim, estamos falando do Ceará, à noite a temperatura facilmente baixa para 15 graus e desce uma forte neblina, o que garante a umidade da floresta lá no topo da serra. No Parque Nacional de Ubajara o bondinho que leva à gruta foi durante muitos anos o grande atrativo do parque.
Quando fechou, em 2015, o parque olhou para suas outras belezas. Foi então que as trilhas, cachoeiras e mirantes ganharam força e visibilidade. Hoje os visitantes dividem-se entre a descida de bondinho para visitar a gruta e as trilhas para conhecer tanto a parte alta e úmida, quanto a parte baixa e mais seca. Por todos lados, macacos-prego que, em algumas regiões do parque, usam pedras como ferramentas para quebrar o coco do babaçu, abundante no parque.
De Ubajara a Piracuruca são pouco mais de 110 km pela caatinga. Já não estamos na serra, mas ali é tudo verde o ano todo. O lençol freático da região do Parque Nacional das Sete Cidades é raso o suficiente para manter a umidade da mata. Além das formações rochosas em todos os formatos e tamanhos, da mata e dos mirantes, ali há pinturas rupestres que denunciam que viviam ali pessoas há alguns milênios.
Pinturas em formato de mãos humanas chamam a atenção, assim como figuras que hoje não sabemos reconhecer e que alguns estudiosos afirmam ser representações de naves espaciais de astronautas colonizadores da Terra. Não há resposta certa, mas o encanto do parque junto com as histórias de quem morava ali até poucas décadas atrás são um dos maiores atrativos.
De Piracuruca e Santo Amaro do Maranhão está o trecho mais longo. São pouco mais de 360 km, com uma pequena parte em más condições. A área do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é equivalente à da cidade de São Paulo, as dunas transbordam por todos os lados. Barreirinhas é maior e mais perto de Piracuruca, mas mais longe dos principais atrativos, mais próximos da pacata Santo Amaro.
As mais de 30 mil lagoas ficam cheias principalmente entre junho e agosto, mas mesmo na época mais seca há mais lagoas para ver e onde se banhar que tempo suficiente. O acesso de carro é restrito às jardineiras credenciadas. Se você tiver mais pique e quiser conhecer os dois oásis do parque, será necessário ir a pé, eles ficam em áreas primitivas onde nem as jardineiras podem acessar. Mas é claro que vale cada passo dado nas dunas.